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A sucessão de Fidel

  • Foto do escritor: Luiz Carlos Hauly
    Luiz Carlos Hauly
  • 9 de ago. de 2006
  • 2 min de leitura

O afastamento “temporário” do comandante Fidel Castro descortina, finalmente, o futuro para os cubanos, presos há 47 anos ao imobilismo que o personalismo e dogmatismo de seu dirigente os condenou. Nesses quase cinco séculos de domínio absoluto de Fidel sobre a estrutura de governo, Cuba, a outrora vicejante ilha do Caribe, tornou-se um monumento ao que há de mais anacrônico no terreno político e econômico da atualidade.


O estado de saúde de Fidel, que completará 80 anos dia 13, é considerado segredo de Estado, mas sua gravidade é atestada pela transferência de poder, por tempo indeterminado, a seu irmão Raúl. A delegação é conseqüência natural do poder que Castro concentrou. Raúl é, em última instância, seu alter ego.


Se Fidel voltará ou não ao comando da ilha é impossível prever. Impossível também é prognosticar como se adaptará a estrutura de poder sem Fidel no comando. Seu afastamento, no entanto, é a senha para que os cubanos se preparem para viver, nos próximos meses ou, na pior das hipóteses, nos próximos anos, sem o homem que os submeteu durante duas gerações. Diante da maciça propaganda do regime sobre a onipresença do “comandante en jefe”, que tentava inocular no subconsciente dos cubanos que Fidel, entre outras “qualidades”, é imortal, o que parecia apenas uma possibilidade remotíssima converte-se agora numa probabilidade iminente.


A sucessão de Fidel, portanto, está lançada. Com Fidel fora do poder, agora ou em breve, o regime cubano não será mais o mesmo. As mudanças serão meramente superficiais ou profundas. Em curto ou longo prazo. Mas que haverá mudanças, isto haverá.


O regime castrista é um cadáver insepulto desde o seu surgimento, pois foi capaz de trair a esperança dos cubanos em seus novos governantes, os então guerrilheiros vitoriosos de Sierra Maestra. A liberdade e prosperidade que Fulgêncio Batista negou aos cubanos foram despudorada e violentamente pisoteadas pelo regime marxista instituído por Fidel, que, entre outras coisas, impôs os fuzilamentos sumários no “paredón”, o controle absoluto da imprensa, o racionamento de comida e até a vigilância sobre a movimentação dos cidadãos por meio dos comitês de quarteirão. Tudo isso sob seu comando férreo e implacável.


A economia cubana, que tem nos enferrujados veículos dos anos 50 que sacolejam pelas ruas do país seu símbolo mais adequado, somente não sucumbiu porque foi socorrida sistematicamente por sua antiga aliada e tutora, a extinta União Soviética, e agora pelos generosos petrodólares de Hugo Chávez, o neófito da galeria mundial dos ditadores.


No limiar do pós-castrismo, os cubanos merecem da comunidade mundial, e especialmente de nós ibero-americanos, toda a atenção e solidariedade. A reconstrução da infraestrutura da ilha e sua inserção no mercado globalizado são ações imperativas para que os cubanos finalmente encontrem a prosperidade que lhes foi negada pelo ditador moribundo. No entanto, isso somente ocorrerá quando a democracia, e com ela a liberdade – outros bens usurpados por Fidel -, enfim, triunfar.


LUIZ CARLOS HAULY (PSDB-PR) é membro da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados

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