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Bem-vindo, presidente Alckmin

  • Foto do escritor: Luiz Carlos Hauly
    Luiz Carlos Hauly
  • 16 de mar. de 2006
  • 3 min de leitura

Um dos exercícios mais ousados é o vaticínio eleitoral, pois, parafraseando o saudoso Ulysses Guimarães, ele é tão instável quanto o firmamento. Olha-se para ele e lá está uma nuvem em tal formato, olha-se novamente e a nuvem assumiu outra forma ou simplesmente desapareceu.


Preâmbulo feito, cuidado desfeito, porque nos baseamos em razões sólidas e não sobre o terreno geralmente movediço das impressões: Geraldo Alckmin assumirá a Presidência da República em 1º. de janeiro de 2007!


Foram necessários meses de articulações e sondagens para o PSDB ungir o governador de São Paulo como o candidato do partido à Presidência. A cautela foi necessária porque, ao contrário dos demais partidos, o PSDB dispunha de dois excelentes nomes para a missão. Ambos estavam plenamente capacitados para fazer frente à gigantesca máquina administrativa utilizada despudoramente para a reeleição do presidente Lula.


O ex-ministro e prefeito de São Paulo, José Serra, foi preterido exclusivamente devido às circunstâncias. O processo de escolha do candidato tucano, ao invés de desgastar, reforçou ainda mais a imagem de Serra como político brilhante e administrador idem.


Alckmin se apresentará apoiado num tripé que, no decorrer do processo eleitoral, conquistará corações e mentes da maioria do eleitorado. Compõem esse tripé a eficiência administrativa, a temperança e a ética, tanto na vida privada como na pública.


Lula já demonstrou à exaustão que não possui nenhuma desses três virtudes, há muito desejadas pelo eleitor e que, em última instância, foram atribuídas erroneamente a ele, motivo de sua vitória nas urnas em 2002.


Os sucessivos escândalos que atingiram do primeiro ao último escalão do governo petista e estraçalharam o patrimônio ético do PT – escândalos que ainda não terminaram, pois novas ilicitudes são reveladas praticamente a cada semana - comprometeram definitivamente a imagem de Lula. Por mais que ele queira, por mais que seu governo invista, como de fato tem feito, em publicidade para resgatar sua imagem, não é mais possível dissociá-lo da corrupção avassaladora que tomou conta da administração petista. E o que falar dos negócios milionários entre seu filho e uma operadora de telefonia com interesses gigantescos junto ao Palácio do Planalto?


Ao mesmo tempo, a administração Lula revelou-se de uma ineficiência insanável, como demonstram a paralisia da máquina pública ao mesmo tempo em que foram criados dezenas de milhares de cargos na administração direta e, para não nos alongarmos demais no rol de suas mazelas, o raquítico crescimento do PIB, de 2,3% em média nos três primeiros anos de governo. Para quem se propunha a embasbacar o país com o “espetáculo do crescimento”, não poderia haver revés mais devastador.


Mas e as pesquisas de opinião, não estão indicando a reconquista da popularidade do presidente? Sim, mas, como as nuvens do céu, o que é agora não foi antes nem será depois. A disputa eleitoral tinha até o momento apenas Lula como protagonista. Seu adversário, enfim, foi apresentado ao distinto público.


Público que, por mais que seja paparicado com Bolsa-Família, Operação Tapa-Buracos e factóides como os mirabolantes “pacotes de bondades” de toda espécie anunciados por Lula, dá sinais inequívocos de que se fartou diante do “crescimento do espetáculo” proporcionado pelo presidente-ambulante, que tudo promete, pouco faz e quando faz, faz malfeito.


E quem poderá se apresentar, de maneira serena, mostrando realizações autênticas, e não apenas meros projetos de prancheta, e ainda protegido pela integridade ética, como a antítese do presidente-fanfarrão?

Bem-vindo, presidente Alckmin.


LUIZ CARLOS HAULY (PSDB-PR) é membro da Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados

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