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O desafio latino-americano

  • Foto do escritor: Luiz Carlos Hauly
    Luiz Carlos Hauly
  • 14 de dez. de 2006
  • 2 min de leitura

O mais recente relatório da Comissão Econômica para a América Latina (Cepal) sobre as condições sociais da América Latina, divulgado dia 4 de dezembro, em Santiago, Chile, traz uma notícia alentadora e uma dura constatação. Comecemos pela boa notícia: o continente latino-americano, constatou a Cepal, apresentou no triênio 2002-2005 os melhores indicadores de redução da pobreza e da miséria dos últimos 25 anos. Se esse ritmo for mantido, devemos atingir os objetivos da Meta do Milênio, que estabelecem a redução da miséria e da pobreza em 50% até 2015, antes do prazo fixado pelas Nações Unidas. No período analisado, a pobreza e a indigência foram reduzidas 4% em relação a 2002, igualando-se, após picos sucessivos de crescimento seguido da queda paulatina desses indicadores, ao patamar histórico de 1980. A triste constatação é que o número de pobres e indigentes continua altíssimo, situando a América Latina entre as regiões mais desfavorecidas do globo. Segundo a Cepal, os pobres equivalem a 39,8% da população latino-americana e os indigentes, a 15,4%. Em números absolutos, 209 milhões de latino-americanos vivem na pobreza e 81 milhões na miséria. A Cepal prevê que a tendência de queda será mantida este ano, que fechará com quatro milhões de pobres e dois milhões de miseráveis a menos. Ufa! De acordo com o organismo da ONU para a América Latina, esse desempenho se deve a uma combinação de fatores que, em maior ou menor medida, se manifestaram na maioria dos países do continente. Esses fatores foram a diminuição do desemprego e a melhora da distribuição de renda proporcionada por taxas de crescimento numa expansão que a região não registrava desde 1997, quando a crise russa abalou seriamente a região, que já vinha apresentando indicadores pífios desde o início dos anos 80. Assim, Chile, Peru, México e Equador apresentaram queda considerável no número de pobres e Brasil, Bolívia, Costa Rica e El Salvador, no de miseráveis. O Equador, em termos nominais, merece ser destacado, pois o número de pobres e miseráveis recuou de 63,5% e 31,3%, em 1999, para 45,2% e 17,1%, respectivamente. Argentina e Uruguai, no entanto – outrora situados entre as economias mais fortes da região -, estão no outro extremo, pois os indicadores de pobreza e miséria aumentaram significativamente se comparados a 1999. Planos econômicos frustrados e o protecionismo exagerado do Estado estão na raiz desse recuo. O relatório da Cepal é alentador, mas ressalva que o combate à pobreza e a miséria na América Latina é “uma tarefa de grande magnitude”. O crescimento da economia a taxas satisfatórias – esse número depende de cada país, mas no conjunto não deve ser inferior a 4% ao ano – é a única forma de o continente atingir a meta do Milênio, primeira de uma série de etapas do esforço coletivo para a erradicação desse mal endêmico. Alcançar e manter esse nível de crescimento é um enorme desafio, que deve ser enfrentado tanto pelos governos quanto pelos agentes econômicos. Medidas demagógicas, exaustivamente utilizadas no passado e que proporcionam rápida popularidade ao governante mas corroem em médio e longo prazos a saúde econômica de uma nação, devem ser definitivamente abandonadas. LUIZ CARLOS HAULY (PSDB-PR) é membro da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional e presidente do Fórum Interparlamentar das Américas




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