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O LIMIAR DE UMA NOVA ERA

  • Foto do escritor: Luiz Carlos Hauly
    Luiz Carlos Hauly
  • 26 de fev. de 2007
  • 3 min de leitura


A visita do presidente George W. Bush ao Brasil, com início previsto para 8 de março, seguida da do presidente Lula a Washington no final do mesmo mês, deverá marcar uma nova era no relacionamento do Brasil com os Estados Unidos e na produção de energia.


Essa nova era foi delineada pelo presidente Bush no discurso sobre o estado da União, em janeiro, quando ele anunciou que seu país deverá, num prazo de dez anos, encontrar meios de substituir 20% da gasolina por etanol e que o Brasil será o principal parceiro neste esforço. Os EUA, com 8% da população mundial, consomem 20% da produção mundial de petróleo, estimada em cerca de 70 milhões de barris diários.


O esforço proposto por Bush ultrapassará as fronteiras dos dois países, já que o governo norte-americano pretende, em conjunto com o brasileiro, viabilizar a substituição do petróleo como fonte energética pelo metanol, incentivando seu consumo em todo o mundo.


Brasil e Estados Unidos são responsáveis por 70% da produção mundial de etanol – um total de 36 bilhões de litros, com ligeira vantagem dos americanos sobre nós no volume produzido – e é natural, diante do inevitável esgotamento das reservas mundiais do petróleo e do agravamento das consequências da queima de gases tóxicos sobre as condições ambientais, que os dois se unam para produzir uma fonte de energia limpa e renovável.


A associação dos EUA ao Brasil neste projeto fundamenta-se no pioneirismo e na tecnologia brasileiros na produção de etanol – mais conhecido entre nós como álcool combustível – a partir da cana-de-açúcar, processo que teve início na década de 70 por causa da explosão dos preços do petróleo determina pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep).


A matéria-prima do etanol norte-americano é o milho, o que faz com que seu custo de produção seja 40% mais alto que o à base da cana-de-açúcar. Apesar de ser sobretaxado em US$ 0,15 por litro para entrar em território norte-americano, o álcool brasileiro é vendido ao consumidor daquele país a US$ 0,46 o litro, enquanto o etanol produzido lá chega ao mercado por US$ 0,50. Com o aumento da cotação internacional do milho, provocado justamente pelo aumento da demanda do etanol nos EUA, o preço do produto norte-americano tende a subir consideravelmente.


A associação Brasil-EUA não prevê, pelo menos numa primeira fase, o aumento de nossas exportações para aquele país – mas isto ocorrerá inevitavelmente, já que, se realmente colocar em prática sua intenção de incluir metanol na gasolina em porcentagem gradualmente maior, não terá como atender à demanda com o produto nacional. Terá, pois, que recorrer aos produtores externos, e fatalmente baterá às nossas portas.


O intercâmbio, cujo teor somente será revelado durante a estadia de Bush entre nós, estabelecerá um acordo na área de pesquisa para tornar o etanol mais eficiente – desde 2001 os EUA investiram US$ 29 bilhões no desenvolvimento de combustíveis alternativos e o Brasil prevê investir nos próximos anos R$ 10 bilhões nesta área.


Prevê também o incentivo ao consumo do metanol na América Latina – um país será escolhido como cobaia da experiência de substituição do petróleo pela energia renovável – e a abertura de novos mercados para o produto. Isto é, a cooptação da Europa e Ásia para este programa de substituição energética. A primeira etapa desse processo foi formalizada em dezembro, com a criação da Comissão Interamericana do Metanol, com participação dos dois países e do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID).


As portas estão abertas. O mundo está no limiar de uma nova era, a era da revolução energética, da qual o Brasil será um dos principais protagonistas.


LUIZ CARLOS HAULY (PSDB-PR) é membro da Comissão de Finanças e Tributação da Câmara dos Deputados e presidente do Fórum Interparlamentar das Américas (FIPA)

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