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O Watergate petista

  • Foto do escritor: Luiz Carlos Hauly
    Luiz Carlos Hauly
  • 20 de set. de 2006
  • 2 min de leitura

Mais uma vez os fatos atestam a “sofisticada organização criminosa”, segundo o parecer do procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, em que se converteu o Partido dos Trabalhadores. A compra do depoimento e de fitas de vídeo para envolver no famigerado esquema das sanguessugas Geraldo Alckmin e José Serra revela, em primeiro lugar, que o PT se dispõe a tudo para atingir seus objetivos eleitores e em segundo, que o caixa 2, prática da qual o partido disse ter abjurado após ser flagrado pela CPI dos Correios, continua firme e forte, obrigado. Luiz Antonio Vedoin, o empresário que comandava a máfia das sanguessugas, negociou, por R$ 1,75 milhão, seu depoimento e a entrega de fitas de vídeo a emissários da Executiva Nacional do PT. A operação foi frustrada pela Polícia Federal, que prendeu Vedoin e os emissários, ambos petistas. Um deles, o advogado Gedimar Pereira Passos, denunciou o operador da tramóia. Ressalto que Vedoin negou em todos os seus depoimentos, tanto à PF como à CPI das Sanguessugas, qualquer participação do ex-ministro no esquema de propinas pela venda de ambulâncias. E as fitas de vídeo mostram Alckmin, quando governador de São Paulo, e Serra, então no comando da Saúde, em cerimônia de entrega de ambulâncias, procedimento mais do que rotineiro. Um dia depois de a trama ter se tornado pública, o presidente Lula declarou, numa de suas inumeráveis aparições eleitoreiras em pleno horário de expediente, que considerava “abominável” a prática de recorrer a dossiês para atingir adversários políticos. Certamente, o presidente nada soube, devido a sua sobrecarregada agenda reeleitoral, à qual vem se dedicando incansavelmente desde o primeiro dia de seu governo, da conspiração petista para abalar a imagem de Alckmin e Serra. E agora, o que irá dizer quando alguém lhe informar que o elo entre mensageiros e a Executiva do PT, apontado por Passos, é o seu assessor especial Freud Godoy, um ex-agente federal há 18 anos responsável por sua segurança e da primeira-dama e, hoje na qualidade de empresário (dono de uma empresa de segurança) da sede do PT em São Paulo? A traição ronda o gabinete presidencial... A mesma estratégica de negar os fatos até prova contundente em contrário foi utilizada pelo ex-presidente norte-americano Richard Nixon. Seu partido, o Republicano, foi flagrado pelo FBI – a polícia federal de lá – instalando equipamento de escuta na sede do Partido Democrata, seu adversário histórico, em junho de 1972. O episódio, conhecido como Watergate, em alusão ao edifício que alojava a sede dos democratas, culminou com a renúncia de Nixon dois anos e dois meses depois. Nixon estava em seu segundo mandato. Lula saiu chamuscado mas sobreviveu ao escândalo do mensalão porque, de acordo com o parecer do procurador Souza, não foi encontrada prova material que configurasse sua participação, embora sua omissão tenha ficado patente. O presidente foi advertido por pelo menos dois políticos – o governador Marcondes Perillo, de Goiás, e o então deputado Roberto Jefferson – e nada fez. A compra do depoimento forjado e das fitas de vídeo de Vedoin empurram o PT para o seu Watergate, com ramificações no entorno presidencial. Lula sobreviverá a ele?

LUIZ CARLOS HAULY é membro da CPI das Sanguessugas.


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