Um país que implora socorro
- Luiz Carlos Hauly
- 25 de jul. de 2006
- 2 min de leitura

O Líbano se notabiliza pela proximidade cultural com o Ocidente, diversidade étnica e religiosa e amabilidade de seu povo. Há três décadas, no entanto, esse pequeno país tem sido vítima de um processo de destruição sem igual na História e só não sucumbiu ao agressor externo – Israel, que o invadiu diversas vezes – e à inclemente guerra civil de mais de dez anos devido à fortaleza de seu povo. O povo libanês é um povo heroico.
Uma vez mais esse povo está sendo vítima da conjuntura política do Oriente Médio, e as principais vítimas da mais recente ofensiva israelense tem sido a população civil. Entre os mortos e feridos estão dezenas de estrangeiros – pois julho é o mês em que o Líbano se transforma num dos destinos turísticos mais apreciados do mundo -, entre as quais dezenas de crianças. Entre elas, infelizmente, três brasileirinhos.
Israel justifica sua ofensiva no sequestro de dois de seus soldados e a morte de outros três pela milícia xiita Hezbollah, que atua no sul do Líbano e tem representantes no Parlamento e governo desse país. O Hezbollah, por sua vez, afirma que a captura e morte dos soldados israelenses ocorreu em território libanês – portanto, teria sido um ato de legítima defesa diante de uma invasão.
Independentemente do local onde tenha ocorrido o confronto que serviu de estopim à ofensiva israelense, todo o Líbano tem sido atingido indiscriminadamente pelos mísseis israelenses. Sua infraestrutura – portos, estradas, pontes, torres de comunicação, aeroportos – está arrasada. Consequentemente, o Hezbollah tem ampliado o raio de ação de seus foguetes Katiusha, fazendo dezenas de vítimas israelenses.
Mais uma vez, o Líbano se envolve involuntariamente num conflito regional, pois atrás do Hezbollah estão a Síria e o Irã, adversários mortais de Israel e vice-versa. O fortalecimento do Hezbollah, milícia que atua no sul libanês e, portanto, ao longo da fronteira norte de Israel, não será jamais permitido pelos israelenses. A captura e morte de seus soldados foi o pretexto que Israel precisava para diminuir ao máximo o poder de fogo do Hezbollah.
A comunidade internacional não pode ficar alheia a este conflito. A proposta de uma força internacional de paz para agir no sul do Líbano, feita pelas Nações Unidas, tem de ser posta em prática o mais rapidamente possível. Milhares de vidas dependem de uma ação rápida da comunidade internacional. Os governos israelenses e libanês declaram-se favoráveis ao envio da força de paz, mas cada um impõe suas condições. A predisposição de ambos os governos é um bom sinal, mas se suas exigências tiverem de ser atendidas antes do envio da forças de paz, talvez venha a ser tarde demais.
O governo brasileiro tem agido da melhor maneira possível para retirar seus cidadãos que se encontram na região de conflito. Esta é uma ação humanitária indispensável que deve ser seguida de outra: a participação brasileira numa eventual força de paz. As ligações afetivas e culturais dos dois países impõem essa obrigação.
LUIZ CARLOS HAULY (PSDB-PR) é membro da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara dos Deputados.
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